4 atitudes que podem prejudicar o aprendizado do seu filho em casa

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É verdade que a situação é nova para todos nós e que todo mundo pode acabar se perdendo no meio do caminho, mas existem algumas atitudes que realmente podem deixar a vida de toda a família mais difícil neste momento e acabar prejudicando o aprendizado do seu filho. Veja se você está cometendo algum desses erros.

1. Tentar assumir o lugar do professor

Não adianta se desesperar e querer ocupar o lugar do professor neste período. Primeiro porque os professores têm formação e experiência para fazer o que fazem. Segundo porque, ainda que você também seja professor, não é este o seu papel na vida do seu filho. Na vida dele, você é mãe/pai, e é este o lugar que deve ocupar para ajudá-lo a passar por este momento da maneira mais suave possível. Pais que, por razões particulares, optam pelo homeschooling organizam toda a sua vida para se dedicar a isso. Nas condições de hoje, ao contrário, todos fomos colocados no susto dentro de casa, na maior parte das vezes desempenhando uma série de tarefas que não desempenhávamos antes. Portanto, relaxe. A preocupação excessiva com o conteúdo só vai gerar mais stress. É tudo novo para todo mundo: pais, filhos e professores estão todos aprendendo a viver e a executar tarefas neste contexto. Permita que os professores desempenhem seu papel de mestres e, mesmo que o aprendizado fique meio embolado neste período, isso não é o mais importante. O tempo que seu filho terá que esperar pelo retorno da normalidade é igual ao de todo mundo. Quando ele voltar para as aulas presenciais, todos estarão voltando para o mesmo ponto, e a escola terá que fazer os ajustes necessários para que todos possam acompanhar. O que nós podemos fazer é ajudar o professor em seu trabalho com sugestões e feedbacks construtivos sobre como está sendo nossa experiência. Encoraje seu filho a fazer o mesmo, para que o professor tenha parâmetros para ajustar seu trabalho às necessidades dos alunos.

2. Cobrar demais de si mesmo

Bora baixar as expectativas? Estamos vivendo um momento atípico e a vida de todo mundo está difícil. Sabe aquela conhecida que posta que tudo está lindo, maravilhoso e perfeito? Os filhos dela fazem todas as tarefas sem reclamar, a casa está limpa, o trabalho está em dia... tudo na mais perfeita paz. Pena que é tudo ficção! Rs. Já devíamos ter aprendido isso. A solução é simples: se as publicações de alguém fazem você se sentir mal, o melhor é ocultá-las ou parar de seguir mesmo. Cuidar da própria saúde mental deve ser prioridade para todos. Não é mentira falar que se estivermos bem, nossos filhos também estarão.

Você está fazendo o melhor que pode e provavelmente isso é bom o suficiente. Nem tudo depende da gente, e neste momento isso é mais verdade que nunca. É tempo de espera e incertezas. Alguns dias são melhores. Outros são piores. Se você tinha feito toda uma programação para o dia, mas não rolou, tudo bem. Está sendo assim pra todo mundo.

Você não é obrigado a dominar todos os assuntos que seu filho está aprendendo na escola. Portanto, se você não pode ajudar com algum conteúdo, encoraje-o a conversar com o professor ou com os próprios colegas. Quem sabe algum parente? Só não permita que a criança ou o adolescente desista sem tentar ou deixe tarefas sem fazer. As correções e orientações principais serão feitas pelo professor, que é a pessoa qualificada para isso.

3. Condicionar afeto à bom desempenho

Do mesmo jeito que temos que ser mais tolerantes com nós mesmos, temos que ser com nossos filhos, que estão vivendo algo que nós não vivemos na idade deles. E é conosco que eles contam pra passar por isso. Então o caminho é acolher as dificuldades e focar mais no processo do que nos resultados. Seu filho está se esforçando para fazer as tarefas? Está aí algo a ser valorizado.

Eu não sei vocês, mas eu amo encher meu filho de elogios, porque é muito amor, né? E esse é um momento em que devemos ter cuidado, pois até na hora de elogiar podemos errar a mão.

Eu adoro aquele trecho do livro Comunicação não violenta, em que o psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg fala sobre o elogio que recebeu de uma participante num de seus seminários. “Você é brilhante!”, ela disse. Ao que ele responde que não estava conseguindo desfrutar tanto da apreciação dela quanto gostaria, ele queria entender o que havia feito para tornar a vida dela melhor. Ela então expressa que a fala dele havia feito com que se sentisse aliviada e esperançosa em relação à comunicação com seu filho adolescente.

Ora, ter bons resultados é gostoso por si só! Na hora de elogiar, nós podemos fazer mais que isso: ressaltar o esforço, a persistência, a cor que ele escolheu pintar, o traço, o progresso, a forma como estruturou a redação, a linha de raciocínio no exercício de matemática... não faltam opções que o façam “desfrutar de nossa apreciação” pelo processo. Nossos filhos não podem sentir que são amados só quando têm sucesso. Isso gera stress, paralização e problemas de autoestima. O erro é parte inerente do aprendizado, e o medo de não ter sucesso pode fazer você desistir sem tentar. Mas se você é apreciado por estar se esforçando, vai continuar tentando. E é isso que nós queremos, certo?

4. Fazer as tarefas do filho pra ele

Taí mais um erro que podemos cometer por “excesso de amor”, por perfeccionismo ou por falta de paciência mesmo.

Quando a criança ou o adolescente vai fazer suas tarefas, é possível que erre, é possível que demore, é possível que faça de qualquer jeito, é possível que nem entenda o que tem que fazer. Daí muitas vezes o adulto fica com “dó” e dá as respostas. Ou então quer acelerar o processo e acaba fazendo tudo pra se livrar logo da obrigação. Tem também aquele que é tão perfeccionista que não tolera muito bem a imperfeição na tarefa do filho.

Quem nunca, não é mesmo? E o pior é que, na maior parte das vezes, fazemos isso sem nem perceber. Portanto, vale a pena ligar as antenas e policiar a si mesmo, pois, fazendo isso, estamos prejudicando o desenvolvimento da autonomia da criança e a deixando mais insegura. É como se estivéssemos falando pra ela que sem o nosso “toque” a tarefa que ela fez não é apresentável. Daí aquela criança que vai esperar por aprovação para tudo e que vai perder a oportunidade de desenvolver o próprio conhecimento por meio do raciocínio e da solução de problemas.

O erro e a imperfeição precisam ser acolhidos, e precisamos confiar na capacidade de nossos filhos de encontrar caminhos e se desenvolverem.

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